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18/12

Plantar florestas no Cerrado pode ser tão lucrativo quanto a agricultura convencional

Plantar florestas no Cerrado pode ser tão lucrativo quanto a agricultura convencional

 

Especialistas anteveem problemas de abastecimento de madeira nobre a médio e longo prazo devido à baixa velocidade dos empreendimentos de reflorestamento para atender a demanda da indústria moveleira. Em contrapartida, o Projeto Biomas, no Componente Cerrado, apoia dois subprojetos que buscam resultados para a demanda do mercado madeireiro. São eles: “Cultivo de palmeiras guariroba e pupunha, adubadas com e sem déficit hídrico na região do Cerrado” e “Resposta da cultura do mogno africano consorciado com palmeiras guariroba, açaí e pupunha, com e sem déficit hídrico na região do Cerrado”.

 

Os dois subprojetos foram implantados na área experimental do Projeto Biomas no Cerrado, na Fazenda Entre Rios, próxima a Brasília. O principal objetivo dos estudos é mostrar ao produtor rural que plantar florestas pode ser tão ou mais lucrativo que a agricultura convencional. Por isso, foram escolhidas áreas que poderiam estar plantadas com culturas como soja ou milho, por exemplo.

 

A proposta é baseada na ideia de que o produtor busca ter renda durante todo o ano com o plantio das espécies anuais, sendo que o plantio de espécies madeireiras, como o mogno africano, só vai trazer resultados (lucro) em aproximadamente 20 anos. Dessa forma, foi implantado um consórcio de mogno com a guariroba, palmeira nativa do Cerrado que pode ser colhida em quatro anos. “É importante utilizar cultivos intercalares com produção mais rápida para que o produtor já possa ter renda durante esse período”, explica José Alves Jr., professor da Universidade Federal do Goiás (UFG) e líder dos subprojetos.

 

 

Segundo Alves Jr., o consórcio de madeira com outras espécies tem levado a grande expectativa de lucratividade, possivelmente de até seis vezes superior à da agricultura convencional no mesmo período.  “É uma pesquisa de longo prazo, em que apesar de não termos como prever o valor da madeira daqui a 20 anos, trabalhamos com estimativas que até então são extremamente promissoras”, aponta o professor da UFG.

 

O investimento nesse tipo de implantação é relativamente baixo. O único componente que pode ter custo um pouco elevado é a implantação (mudas e plantio) e a manutenção ao longo dos quatro primeiros anos. Segundo Alves Jr., para cada hectare seriam gastas 400 mudas de mogno, a um custo médio de R$ 5 cada, representando um investimento em torno de R$ 2 mil/ha, mais os custos para plantio e limpeza da área e controle de invasoras e formigas.

 

No futuro, o produtor pode vender a madeira de várias formas, sem ter que retirar todas as árvores ao mesmo tempo. Por exemplo uma sugestão seria, das 400 plantas por há (espaçadas 5 x 5 m), colheita de  200 árvores/ha com 10 anos, 100 árvores com 15 anos e as últimas 100 plantas/ha com 20 anos, sendo estas últimas com maior diâmetro e altura de planta, ou seja, maior produtividade e maior valor agregado.

 

O projeto foi implantado há cerca de dois anos, e tem sido observado um ótimo desenvolvimento da Guariroba, enquanto o açaí, uma espécie de palmeira exótica de ambiente úmido e de origem amazônica, não resistiu e morreu por falta de água (estresse hídrico). Por outro lado, o palmito pupunha, também de origem amazônica, apresentava bom desenvolvimento e adaptação ao Cerrado, mas sofreu um ataque severo de animais silvestres e também não resistiu. A pupunha consorciada com mogno foi então substituída pelo cafeeiro, que apesar de ter sido bastante afetado pelo ataque de formigas e pela falta de água no período seco, ainda é alvo de expectativas positivas. “Insistiremos com esse consórcio fazendo replantios das mudas atacadas agora no período das chuvas de 2014”, conclui Alves Jr.

 

Assessoria de Comunicação Digital da CNA com Embrapa Cerrados
Texto: Thamilis Tatylla
Fotos: Bruno Vieira
(61) 2109-1382

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